Um dos aviões que chamou muito a minha atenção na visita ao Museu TAM, de aviação, em São Carlos (São Paulo), foi o Lockheed L-049 Constellation, pelas suas linhas e as cores da antiga Panair do Brasil, célebre companhia aérea do País. Imponente, repousava ao lado de outros aviões de grande porte, tendo ao lado um extenso painel a contar a sua história com imagens memoráveis.
O exemplar exibido, de acordo com o painel explicativo, foi construído em 1946 pela Lockheed Aircraft Corportation dos EUA. Estava retido no Paraguai por 34 anos, tendo sido restaurado para o fim específico de exposição e está impossibilitado de voar. A aeronave com capacidade para 91 passageiros voa na velocidade máxima de 531 km/h e de cruzeiro de 483 km/h. Mede 29,03 metros de comprimento, envergadura (wingspan) de 37,49 m. Os modelos voaram pela Panair de 1946 a 1965.
A pesquisa sobre o avião e a Panair levaram-me a descobrir como é celebrada a memória desta companhia aérea, que foi fechada abruptamente pelo regime militar em 1965, três anos antes da minha chegada ao Brasil como imigrante.
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(fotografia de/photos by Rogério P.D. Luz)
LOCKHEED L-049 CONSTELLATION
Lockheed Constellation, Connie ou apenas Constellation (como é conhecido no Brasil), é um avião quadrimotor a pistão, construído pela americana Lockheed entre 1943 e 1958, em Burbank. Foram construídos ao todo 856 aparelhos em 4 modelos, todos com o mesmo design característico cuja forma de golfinho possui tripla empenagem. Foi um avião muito usado no transporte de passageiros e como avião de transporte militar. Foi o avião presidencial de Dwight D. Eisenhower, presidente dos Estados Unidos.
Recordes
Elegante e poderoso (para a época), o Lockheed Constellation estabeleceu alguns recordes na aviação mundial.
17 de abril de 1944 : voou entre Burbank e Washington DC em 6 horas e 57 minutos, desenvolvendo uma média de 532,2 km/h.2
29 de setembro de 1957 : um L1649A Starliner voou de Los Angeles para Londres em 18 horas e 32 minutos, velocidade média de 470,6 km/h.
1 de outubro de 1957 : um L1649A voou de Londres para São Francisco em 23 horas e 19 minutos, velocidade média de 369,2 km/h. Este foi o recorde de duração de voo sem escalas de passageiros, até a chegada do Boeing 777.
Obsolescência
O advento dos aviões a jato, como de Havilland Comet, Boeing 707, Douglas DC-8 e Convair 880, o motor a pistão do Constellation tornou-se obsoleto. As primeiras rotas a abandonar o velho Connie foram as mais longas, intercontinentais. O avião continuou a voar em rotas domésticas nos Estados Unidos, e seu último voo comercial com passageiros pagantes foi em 11 de maio de 1967, de Filadélfia para Kansas City, pela TWA.7 Contudo, permaneceu em serviço como cargueiro, principalmente pela Eastern Airlines, entre Nova Iorque, Washington e Boston, até 1968.
* Fonte: enciclopédia livre Wikipedia
A HISTÓRIA DA PANAIR DO BRASIL
(Fonte: Wikipedia)
Panair do Brasil S.A. foi uma das companhias aéreas pioneiras do Brasil. Nasceu como subsidiária de uma empresa norte-americana, a NYRBA (New York-Rio-Buenos Aires), em 1929. Incorporada pela Pan Am em 1930, teve seu nome modificado de Nyrba do Brasil para Panair do Brasil, em referência à empresa controladora (Pan American Airways).
Por décadas dominou o setor de aviação no Brasil. Como as demais empresas aéreas que possuíam sócios estrangeiros nos anos 1950 e 1960, ela sofreu pressões do governo, iniciadas na gestão do Presidente João Goulart, para que suas ações ficassem totalmente em mãos brasileiras. Tudo levava a crer, nos bastidores do poder, que a Varig naturalmente se envolveria na aquisição de parte da Panair, porém, ela acabou nas mãos dos grandes empresários Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen. Tal desfecho incomodou o governo e a própria VARIG, que dava como certa mais uma aquisição de outra empresa aérea nacional.
Entretanto, em seu apogeu acabou por ter suas operações aéreas abruptamente encerradas em 10 de fevereiro de 1965, devido a um decreto do governo militar, que suspendeu suas linhas. A opção pela suspensão, ao invés da cassação, foi um mero artifício técnico encontrado pelo governo militar. Assim as operações poderiam ser, na prática, paralisadas de imediato, sem o decurso dos prazos legais de uma cassação. Até hoje suas linhas encontram-se tecnicamente suspensas.
Imediatamente após à suspensão, estranhamente os aviões e tripulações da VARIG já se encontravam prontos para operar os principais voos da Panair nos aeroportos do Brasil e do mundo, evidenciando que a Varig havia sido comunicada do ato antes mesmo da própria Panair do Brasil.
Nos dias seguintes, a empresa entrou na justiça com um pedido de concordata preventiva, já que possuia boa situação patrimonial e financeira, e uma inigualável imagem de confiança e bons serviços prestados ao longo de décadas. Assim a recuperação judicial seria possível caso o decreto do governo fosse revogado. Porém, o Brigadeiro Eduardo Gomes, então Ministro da Aeronáutica, teria interferido no caso, pressionando o juiz responsável pelo processo, e, fardado, pressionou-o a indeferir a concordata. Assim, em um caso inédito na justiça brasileira, deu-se a improcedência da ação no prazo recorde de 24 horas do pedido inicial. O magistrado, em sua decisão, alegou que a Panair do Brasil não conseguiria recuperar-se, pois sem a operação de suas linhas não haveria receita. Essa decisão não levou em consideração, evidentemente pela pressão, que a empresa teria receitas provenientes de suas grandes subsidiárias, que atuavam nas mais diversas áreas da aviação civil como manutenção de turbinas, ou ainda, das receitas do conglomerado que a controlava, que incluía desde seguradoras, imobiliárias, fábricas do setor alimentício, exportação de café e telecomunicações.
O fechamento total da empresa pela ditadura militar, só se deu definitivamente em 1969, através de outro ato também inédito na história do direito empresarial brasileiro, um “decreto de falência” baixado pelo Poder Executivo, durante o governo do General Costa e Silva. O principal beneficiário deste processo foi Ruben Berta, proprietário da VARIG, que era apoiador do regime militar e amigo pessoal de diversos militares de alta patente, que acabou recebendo as concessões de linhas aéreas internacionais da Panair do Brasil e incorporou parte dos qualificados funcionários da empresa sem custo algum.
A memória da Panair do Brasil também é celebrada na música de Fernando Brandt e de Milton Nascimento. Veja as suas letras e mais abaixo o trailer do filme sobre a cia. aérea:
Lá vinha o bonde no sobe e desce ladeira
E o motorneiro parava a orquestra um minuto
Para me contar casos da campanha da Itália
E do tiro que ele não levou
Levei um susto imenso nas asas da Panair
Descobri que as coisas mudam e que tudo é pequeno nas asas da Panair
E lá vai menino xingando padre e pedra
E lá vai menino lambendo podre delícia
E lá vai menino senhor de todo o fruto
Sem nenhum pecado sem pavor
O medo em minha vida nasceu muito depois
descobri que minha arma é o que a memória guarda dos tempos da Panair
Nada de triste existe que não se esqueça
Alguém insiste e fala ao coração
Tudo de triste existe e não se esquece
Alguém insiste e fere o coração
Nada de novo existe nesse planeta
Que não se fale aqui na mesa de bar
E aquela briga e aquela fome de bola
E aquele tango e aquela dama da noite
E aquela mancha e a fala oculta
Que no fundo do quintal morreu
Morri a cada dia dos dias que eu vivi
Cerveja que tomo hoje é apenas em memória
Dos tempos da Panair
A primeira Coca- Cola foi me lembro bem agora
Nas asas da Panair
A maior das maravilhas foi voando sobre o mundo
nas asas da Panair
Em volta desta mesa velhos e moços
Lembrando o que já foi
Em volta dessa mesa existem outras falando tão igual
Em volta dessas mesas existe a rua
Vivendo seu normal
Em volta dessa rua uma cidade sonhando seus metais
Em volta da cidade
Vídeo do trailer do filme Panair do Brasil
Site relacionado à memória da Panair do Brasil: http://www.panairvirtual.com.br/
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
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